Sobre o estrado da cama sem colchão ele o via, com olhos inertes e escuros estrebuchando com as costas coladas na armadilha que comprara na casa de ração.
A vida se esvaia daquele ser aos poucos num se debater impotente....
De pé, vassoura em punho, o homem refletiu uns poucos segundos e concluiu que aquilo seria o melhor a se fazer.
Desferiu um golpe hercúleo e certeiro aplacando o sofrimento do bicho e expurgando o asco que o acompanhava por saber que aquelas patas trafegavam pelos cômodos durante aquela semana.
Houve um barulho seco! Uma só pancada cujo som fora abafado pelo assentar das piaçavas.
Suado e trêmulo de nojo, ao colocar o rato morto dentro do saco preto de lixo, prenhe de propriedade, sussurrou:
_ Mesmo você, que disseminou o pânico se esgueirando à noite pelos cantos de minha casa, merece uma morte digna!
Cristiano Marcell
Humanidade animal. Ótimo conto, poeta! Abraço!
ResponderExcluir