-Mestre, me acalma!
Culpo a mim próprio
Sou infeliz pelo opróbrio
Que causei a outrem!
-Oh, pobre alma!
Faça uma prece!
O Pai não se esquece
Do filho que tem!
-Eu me sinto abatido
Cansado de tudo
E um punhal pontiagudo
Vem me dilacerar!
- Meu filho querido,
Creia nas Obras!
Pois o Pai só o cobra
O que pode pagar.
- Tenha dó de mim!
Não mereço tal drama
Chafurdo na lama
Já não sei quem eu sou!
- Não é tanto assim
Olhe bem à sua volta
Esta sua revolta
Você mesmo buscou!
- O Senhor me esqueceu
Eu perdi meu emprego
E não tive sossego
Dentro do meu lar
- Caro amor meu,
Seja bem coerente
Criaste a serpente
Pra depois te picar!
-Que me dize tu?
Que fui então pecador?
Eu gerei minha dor?
Por que não intervieste?
É como um deja’vu
O seu arbítrio é liberto!
Sabe bem o que é certo
Mas cultivas a peste.
Celeuma maldita
Que à mente consome!
Por que é dado ao homem
Opção da outra porta?
O saber se habilita
Ao se viver nessa esfera
Sua escolha exonera
O mal que te entorta!
Pai me diga agora.
Nesse antro de morte:
Qual será minha sorte?
Eu fui algoz, um carrasco?
Calma, não chora!
Num primeiro momento
O seu arrependimento
O encaminha à Damasco.
Um brilho remoto!
É o socorro, estou certo!
Um amor tão, mas tão perto,
Ainda, a mim, será lícito?
São meus prepostos
Que em meu nome darão
Toda a reparação
A seu malsão perispírito.
Grato, Pai Infinito!
Agora, o Bem me compraz!
Esforçar-me-ei na prova tenaz!
Pra modificar o meu fim!
Estude, aprenda bendito!
Outra chance, a ti será dada.
Desejo que sua caminhada
O traga pra junto de mim!
Cristiano Marcell, dezembro de 2010
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